Homilia IV Domingo do Advento

Estamos às portas do Natal e contemplamos Maria e José que esperam um menino. A Virgem está prestes a dar à luz Jesus, o Emanuel, Deus que se faz um de nós, para que nós nos convertamos em seus filhos. Maria é a Virgem da esperança para toda a humanidade. José apoia-a, aceitando pessoalmente a vontade de Deus, apesar das interrogações que se lhe apresentam no seu íntimo.

O itinerário que Maria e José tiveram de fazer, bem como João, as grandes figuras do Advento (conjuntamente com o profeta Isaías), porque confiaram plenamente em Deus, é o caminho que também nós devemos percorrer para descobrir que Deus se faz verdadeiramente presente na nossa vida. Como Maria, podemos levar Deus no nosso interior. Como José, podemos acompanhar Deus nos outros. Como João Baptista, podemos descobrir Deus no testemunho de muitas pessoas que dão tudo por servir e amar. Como Isaías, podemos descobrir Deus nas coisas e acontecimentos e anunciá-lo ao mundo, denunciando as injustiças.

Maria e José são dois modelos extraordinários da espiritualidade do Advento, porque nos dizem, por meio da sua atitude, como devemos ler o que se passa connosco, à nossa volta e o que se passa no mundo.

Partindo da Virgem Maria Santíssima e de seu esposo, o Pai adoptivo de Jesus, e tendo em conta a proximidade do Natal, a vinda do menino Deus, coloco para nossa reflexão alguns pontos fundamentais concretos para prepararmos bem a chegada do Salvador, ao longo desta semana.

A- Humanamente:

1. Boa vontade. Para podermos acolher no nosso interior Jesus, precisamos ter vontade de o fazer. É necessário querer.

2. Atenção. Devemos estar muito atentos a tudo o que se passa dentro de nós e à nossa volta.

3. Silêncio. Precisamos de tapar os ouvidos a tantos ruídos.

4. Seriedade e profundidade. Levarmos muito a sério tudo o que fazemos e não cedermos à tentação da superficialidade.

4. Retirarmos do nosso coração os maus sentimentos. Ódio, indiferença, rancor, vingança, ciúme, inveja, falsidade, intriga, maledicência, crítica destrutiva, violência, egoísmo…

5. Vestir o nosso coração com sentimentos de amor, amizade, comunhão, partilha, inter-ajuda, solidariedade, optimismo, esperança…

6. Dialogar sempre.

7. Sermos bons e não deixarmos que nos espezinhem, nos tomem por tontos e destruam as nossas vidas.

8. Acreditar nas nossas capacidades.

9. Fazermos o que em consciência deve ser feito.

10. Não adiarmos decisões importantes.

B- Espiritualmente:

1. Dedicar algum do nosso tempo à oração e à contemplação para ouvirmos a voz de Deus. Talvez pelo menos um quarto de hora todos os dias fosse já positivo.

2. Humildade. Sem ela, Deus nunca se revelará. Temos de nos despir da nossa auto-suficiência e importância e acolher o que Deus nos dá, mesmo quando não o entendemos muito bem.

3. Fazer todos os dias um pequeno exame de consciência, para no dia seguinte evitarmos voltar a dizer ou fazer o que não deveríamos e melhorar ainda mais o que está já bem.

4. Pedir o perdão de Deus para as nossas falhas.

5. Confiarmos totalmente em Deus.

6. Rezar em família, que mais não seja no momento de alguma refeição diária.

7. Participar na Eucaristia. Faze-lo com um coração aberto à Graça de Deus.

8. Viver o Sacramento da Reconciliação ou confissão

9. Não termos medo e deixar que Deus nos preencha.

C- Comunitariamente e socialmente

1. Respeitar os outros.

2. Aceitar o outro como é, com os seus defeitos e as suas grandezas.

3. Valorizar mais as qualidades que os defeitos que os outros têm, a começar por casa.

4. Empenharmo-nos em fazer que os outros se sintam bem junto de nós.

5. Fazer os outros felizes.

7. Não passarmos pelas outras pessoas como simples desconhecidos, especialmente na comunidade eclesial.

8. Arranjar algum tempo para visitar algum doente, ou algum idoso, ou alguém que está de luto pela morte de um ente querido.

9. Levar alguma coisa, dentro das nossas possibilidades, a alguém que esteja realmente necessitado.

10. Empenharmo-nos na vida da comunidade cristã e servir com alegria.

11. Não nos conformarmos com as injustiças que existem à nossa volta.

Covilhã, 18 de Dezembro de 2010

Pe Henrique Manuel Rodrigues dos Santos

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