Depois das tentações eis-nos, oito dias depois, projectados na luz da transfiguração. Toda a Liturgia da Palavra nos traz hoje este apelo a olhar mais alto, a ver mais longe. «Olha para as estrelas e conta-as», diz Deus a Abraão. Paulo lembrar-nos-á a «pátria que está nos céus». Jesus oferecerá aos discípulos uma visão antecipada da glória pascal. Celebrar a Eucaristia é também isto. Subir ao monte, sair da vida "chã" de cada dia e entrar na intimidade da mesa do amor, até chegar a dizer, como Pedro: "que bom é estar aqui!"
Espelho - Ao olhar para o espelho em cada dia observamos o nosso rosto. Queremos apresentar uma boa imagem, sem olheiras, sem rugas, sem sinais de cansaço. Mudar de figura ou apresentar uma figura atraente são hoje muitas tentações do nosso tempo. Mas Jesus ao transfigurar-se vem dar-lhes a sua luz para resplandecer também no rosto de cada um de nós.
Cruz - Quando falamos na cruz, o nosso olhar detém-se na tristeza. Transfigurar a dura realidade da nossa cruz de cada dia, na experiência luminosa de uma vida inteiramente nova é a nossa meta da Quaresma que vivemos.
Jesus vai ao monte para rezar e leva com ele os Apóstolos para lhes mostrar que a Cruz não é o fim que a glória da ressurreição está no horizonte.
Neste tempo em que se vive sob a lógica do ter e do prazer é difícil aceitar o discurso da Cruz e somos tentados a mudar a rota, o caminho, a largar a Cruz e a desviar-nos do caminho.
Luz - Sobre o fundo escuro da nossa vida a luz projecta o sentido certo do caminho que temos pela frente. E às vezes é tão simples! É a luz que brilha no gozo de uma criança que nos adormece nos braços, na satisfação do dever cumprido, na alegria do esforço partilhado ... são os momentos da glória e de graça que iluminam o nosso rosto. Toda a nossa vida é uma lenta caminhada de iluminação progressiva. E essa luz vem na palavra de Deus, e é preciso deixar entrar essa luz pelo nosso quarto dentro...
Senhor, Tu és a luz dos nossos caminhos!
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